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Carta do gestor - Abril/22

Velejando em águas internacionais


Ainda que não houvesse situações externas capazes de mudar o nosso cotidiano de forma repentina, o mercado financeiro ainda assim seria incerto e imprevisível no curto prazo, tornando-o em algo desafiador para a maioria dos investidores que possuem o desejo de controle sobre quase tudo com que interagem.

A sofisticação de se investir perpassa pela simplicidade de aceitar velhos ditados populares, tal como o conselho de não colocar todos os ovos em uma única cesta – conhecimento que deve ser reforçado enquanto esperamos pela resolução dos conflitos armados na Europa e das eleições locais.

Curioso que, a despeito de uma eleição que deve mudar a condução da política econômica brasileira, em especial o direcionamento das empresas estatais, o fluxo dos investidores estrangeiros tem se intensificado no primeiro trimestre e não há sinais de reversão. Tal situação foi determinante para terminarmos março com o Ibovespa subindo 14,5% e o dólar caindo 17,8%.

A explicação para esse fenômeno é complexa, mas certamente passa pelo ainda excesso de liquidez global que procura ativos rentáveis em países em paz política e institucional – e o Brasil que já estava com preços atrativos, ficou ainda mais interessante após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar, em março, a meta dos juros para 11,75% ao ano. Entendemos que o fim do ciclo de alta dos juros se aproxima, tornando o tão popular “1% ao mês” a nossa nova realidade no mercado financeiro provavelmente a partir de maio, mês da próxima reunião do Copom, o que pode provocar dois comportamentos equivocados por parte dos investidores.

O primeiro erro dos clientes deve ser a propensão a não diversificar e arriscar, alocando todo o capital em ativos bancários tradicionais (CDB, LCI e LCA) desconsiderando que tal estratégia historicamente ofereceu um retorno real (após desconto do IPCA) insuficiente ao longo de décadas para a manutenção do padrão de vida desejado por muitas famílias e, ao nosso ver, sustentado na ideia de que nada mais sério acontecerá no país e no sistema bancário local e, caso aconteça, acreditam que a porta de emergência será fácil e acessível à todos em meio ao caos.

O segundo erro tende a ser acreditar que o Banco Central realmente encerrará o aumento dos juros em breve e, por isso, supostamente agora seria um bom momento para comprar papéis prefixados. Ao contrário dessa visão, nosso time de Pesquisa entende que hoje não há uma grande recompensa entre os juros prefixados e a expectativa para os juros posfixados, o que piora quando se pondera o risco oriundo da expectativa de aumento de juros além do que se imagina atualmente nos países desenvolvidos, que, se confirmado, deve desencadear elevações adicionais na Selic e prejudicar tal alocação prefixada.

Por fim, aproveitando que no final de 2021 recomendamos o desinvestimento em bolsa internacional dolarizada e por isso evitamos quedas superiores à 30% nessa classe de ativo durante o trimestre, entendemos que seja durante essa calmaria nacional o momento adequado para voltarmos a alocação internacional. A despeito da euforia local que já traz projeções de um dólar entre 4 e 4,50 ainda em 2022, é nesse momento que devemos lembrar a todos que uma eleição nacional ainda está por vir e que ainda somos uma democracia e uma economia em desenvolvimento, o que praticamente nos obriga à diversificação internacional – preferencialmente em tempos opostos ao que é feito pela manada.

Ao mesmo tempo, com a alta recente do Ibovespa, entendemos que apesar de imaginarmos o índice Ibovespa em um patamar próximo a 130 mil pontos no final do ano, entendemos que essa valorização adicional até o final do ano de aproximadamente 6% possa ser obtida por meio de outros ativos atrelados ao CDI de baixo risco, o que também provoca uma redução da exposição em bolsa doméstica.

Sendo assim, nossas sugestões de alocação para abril de 2022 mantém a bela diversificação que sempre nos destacou, porém com redução tática na exposição em bolsa local com uma leve retomada na alocação internacional.

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